segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Sortie

Então... num sábado fomos (eu, Aline e Inge) com um programa da universidade chamado Alter Ego viajar por uma província daqui da França pertinha da província de Rhône-Alpes (a que abriga Lyon). A saída custou 5 euros de transporte e mais 7,50 de entradas. Muitos estudantes não puderem ir porque só tinha 60 lugares no ônibus e não tínhamos 2 ônibus porque o custo para os estudantes é baixo porque parte da viagem é custeada pela universidade, que diz não poder custear dois ônibus.
Bom, tinha sem exagero nenhum 20% de brasileiros, talvez mais. Eu tenho tido pouco contato com brasileiros aqui, fora as duas curitibanas mais próximas a mim, e a viagem me marcou bastante em relação a isso. Como as pessoas que vem do mesmo lugar e têm a mesma cultura vão até uma grutinha fazer um passeio e têm comportamentos tão diferentes? Fora detalhes (que eu não vou me comprometer aqui), me impressionou muito ver que as pessoas são diferentes entre si, independente da cultura. De repente vc pode conversar com uma canadense e encontrar um milhão coisas em comum e encontrar um brasileiro e pensar... "ai, ai... alguém aqui está no lugar errado."
Isso me sussega, porque quando eu cheguei eu não queria ficar tanto em contato com brasileiros, por motivos óbvios. Depois das duas meninas de Curitiba, as coisas ficaram mais calientes (que paradoxo, não?) e agora eu volto a pensar... sim, o que existe são pessoas, antes de nacionalidades. Claro existem culturas (o banheiro cheio de pepino sabe bem disso!), mas ainda assim, chega uma hora que isso não é tão marcante. Todo mundo fica mais triste quando chove (menos a Shirley Manson!), mas nem todo brasileiro é caloroso e nem todo chinês é porco. Nem todo francês recicla o lixo e a maioria nem lê no metrô.






Enfim... a viagem. Os lugares são lindos. Eu passei muito frio na gruta e 2 horas escutando sobre formação rochosas... A fazenda ecológica que fomos visitar também foi interessante, mas eu não tive muito saco. Tinha bodes e cabras, queijo, forno para pão... A gente tinha bebido um pouco de vinho no picnic e eu não tinha dormido nada na noite anterior. Resultado: um forno para pão sem produtos químicos nunca me pareceu mais entediante. Eu queria mesmo era dormir. =)



E, bom... eu sou ecológica até (tanto quanto de extrema esquerda ;-) ). Quero salvar o mundo, desde que isso não custe muito caro! Agora eu tenho uma preguiça desse discurso agrícola sem pesticida... Porque comer com pesticida se podemos comer sem? Porque é muito caro comer sem, mon chèr! E também porque a comida sem pesticida é feiosa... E sem carne é sem gosto! E porque tudo que é enlatado e industrializado é mais gostoso!!! Ontem... eu conheci uma alemã vegetariana que também tinha esse discurso... daí ela come chocolate porque leite a gente pode obter das fazendas ecológicas... ai que preguiça... e carne não? Vai ficar mais caro, mais demorado, mas dá! Daí ela não come carne porque isso faz com que tenha menos cereias para as crianças da África! oO Preguiça total...


Mas ela era ótima! Professora de línguas, extremamente engraçada, aberta e receptiva! Nem parecia alemã (e ela odiava que falavam isso pra ela hehehe porque significava que o poo dela não é lá tão legal...). Nesse momento estou ouvindo uma gritaria.... E ela é em português... se alguém me diz que não pareço brasileira, fico feliz?
Bom... Depois da fazenda, fomos para o melhor do dia! E de repente, até terminamos a garrafa de vinho!!!!!!! Uma vila medieval!!!!!!!! Só não tinha dragão... mas tinha taverna, igreja, torta quentinha na janela... Foi muito lindo. Eu andava na rua e ouvia um bardo! Quando paramos para tomar café, o jardim-mato da taverna era igualzinho a primeira fase do FFIX e eu escuta a música da batalha! Ta-na-na-na-na-nã! Foi muito emocionante... A vilinha mais jolie que eu já vi!





Esse dia foi bem bacana... a paisagem valeu a pena, embora isso tenha sido mais uma vez o de menos. Perouges, com certeza, significou para mim por toda a relação com o mundo medieval que eu ando traçando há uns anos. A gruta e a fazenda... bonitinhas. (A gruta tem um passeio, uma vez por ano, que vc pode fazer sozinho com uma lanterna... e isso sim me animou!) Mas ainda era o ônibus com 60 estrangeiros o mais interessante. Tinha uma polonesa lá... E ela era nariguda. E todo mundo pensa que eu sou polonesa =)
É tão engraçado isso... que no alto dos seus 23 anos bem vívidos eu olho pro meu nariz e digo... "Não é que vc é grande mesmo?" E ainda lembro do Cyrano! E do Gonzo! E não fico triste... e não fico braba porque alguém pensa que sou judia porque sou nariguda e ando de preto. Me divirto e penso... "se ao menos eu tivesse dinheiro..."





Bom, voltando lá ao dia... Quando cheguei em Lyon, ainda tive pique para tomar banho e sair com um pessoal do CS para badalar. Vinho, cerveja, champagne... Passeio o dia seguinte dormindo, mas foi ótimo. Se sentir definitivamente em casa, conhecer gente, bares novos, etc.
É engraçado dizer "se sentir em casa" e essa sensação vir no mesmo momento que vc está conhecendo gente... De repente, vc percebe que não tem casa, que a sua casa é o mundo... ou que eu sou uma tartaruga. E a casa sempre vai estar ali. =) Ainda bem...
Aparentemente, até mesmo sem o nosso querido bordeaux, ela vai estar aqui.

3 comentários:

  1. Então não é verdade que os franceses têm narizes grandes...

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  2. Adorei o post, aliás adoro o seu estilo, é fácil e agradável e posso ficar horas lendo o que escreveu, mesmo que já tenha lido anteriormente.
    Quanto a tartaruga, adorei, a Erileine diz que sou descendente direta delas, mas por outro motivo: é que quando estamos na praia eu vou logo pro mar, como as tartaruguinhas recém nascidas. Beijos..... Que bom se sentir em casa e esta casa ser o mundo.... A adaptação é essencial e lembre-se em qualquer lugar que estiver os queridos estarão com você - piegas, mas extremamente verdadeiros.

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  3. Ê Livy, eu nunca tinha reparado no seu nariz.
    Nem me é marcante.. Talvez seja porque o meu também é grande e eu só descobri há não muito tempo... oO

    Beijão, bom te acompanhar aí um pouquinho por aqui.

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