quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Litteris II

às pessoas mais importantes do ano passado


por favor, meu amor, 
não fale.
se cale.

repare na dor aí
que eu reparo a dor aqui.

voltei do dentista com os dentes nas mãos.
ficarão guardados em uma caixinha madre pérola.
(como eram meu dentes antes do seu cigarro.)

dei pérolas aos porcos,
- aos meus dois porcos favoritos -
todas as minhas pérolas.
gastei todo o meu latim.
e agora guardo os dentes caídos para mim.
junto com o resto da minha inocência.
que é pouca, mas é.

também caída,
achei que erguiríamos juntas o seu labrys.
machadiaríamos a sociedade.
mas Machado tem duas lâminas
e, perdida entre Capitus e sant-Iagos,
navalharam-me.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Eu e o José

vou passear no seu dia
vou dar três batidas na perna,
o gato sobe.

não tenho mais pernas, nem bondes.
mas braço
ainda tenho
e ainda nado.

eu tava cansada de tanto que je suis là.
tem tanta coisa que a gente não tem coragem de dizer, né?
mas diz.
mesmo que seja très bizarre, a gente diz.

Depois de anos de burocracia da tristeza,
cá estou eu, já lendo um livro.
Livros incríveis são pas mal ex paradis, uhn?

Tranquei os amigos numa caixa amarela
e afundei todo mundo na água.
Ninguém entendeu nada.
- É que entrou sal no olho.

Eu acredito em tudo
com neve.
La niege. Je suis-là.
E aqui me derreto e me dissolvo.
- Tá vendo o barro ali?
- Este com cor de bosta?

É, este.
A escolha implacável.
O barro com cor de bosta.
É esta nossa origem.
A escolha.
Escolhemos o barro cor de bosta.
e não há nada pelo futuro que possamos fazer.
Cor-cheiro-textura de bosta
é a origem.

E se o personagem principal fosse outro?
A textura seria outra?
A merda seria mais quentinha?
- Desculpe, é a batida que me comove. É igual a de um coração.
- Vamos mudar de ambiente?

E eu amava. E bloquearam meu ódio.
às forças. totalmente às forças.
Eu amava tranquila. Com meu ódio regando o amor.
E bloquearam-me tudo.
É muita maldade, mesmo com os malvados.
Estes terríveis. Estes cruéis.
Como eu.
- Vai regar esta porra toda com quê, hein?

Eu apago tempo, mas não apago espaço.
Era aqui, era ali, era acolá.
Era é só tempo.
Mas acolá é bem longe. (Longe meeeesmo!)
E tem um sorriso esboçado que eu não apago também.

Por que tudo de você neste momento
era acolá.
E tem muito barro em volta.
- Vamos mudar de ambiente?
- E... Ah, deixa o ódio ontem, viu.
No tempo. Só no tempo.

E o barro?
Lavôtánovo.
Mas não é assim que caminha a humanidade.
E ambos sabemos disto.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Linguagem e Lógica namoram


ao L.A., que fez tudo o que pôde e foi muito.


Fariam, as explicações gerativistas, quests de gramática?
Não, todos aceitam tudo, todo mundo ganha mas o objetivo é que todo mundo (ou quase) perca.

Todos os significados queriam ser lixo.
Viraram fórmulas muito lógicas, neat and sound.
Mas os significados não são assim
e tornaram a lógica uma maluca.
Uma lelé da cuca.

Ideias verdes e descoloridas dormem furiosamente.
Milhares e milhares de ideias de todas as cores acordam furiosamente, indeed.
Elas só estão acordando.
Furiously.
Como o gigante desconhecido e indesejável.

Abaixo a tudo!
Abaixo a quê?
Eu tenho ideias reais sobre a rendenção da ciência.
Mas eu mesma sou contra rendenção.
Exembaixadora da lógica e dos bons costumes científicos.