sexta-feira, 25 de novembro de 2011

No ônibus

- Ah, meu namorado é engenheiro. Fez engenharia elétrica e agora faz mecânica. Mas, olha, ele não é nerd NÃO!!!! Ele senta no fundo, só zoa e depois dá um jeito.




(ufa! melhor que ser nerd né?)



terça-feira, 22 de novembro de 2011

Desabafo Vapt-vupt

Ultimamente, tem dois tipos de texto que têm me irritado. Um começa com "nos tempos da ditadura eu protestei, mas a juventude atual..." e o outro começa com "eu não entendo do assunto, mas...".  Parece óbvio por que nenhum destes tipos de texto me agrada, tanto que este post me parece inútil, mas vamos lá.

O primeiro tem aparecido muito por aí. Em posts no facebook, em conversas de bar, em colunas da folha. Geralmente, um povo de pseudo-esquerda (que já virou centro ou situação há muito tempo - como se houvesse diferença entre centro e situação no BR) que está bravo com alguma marcha ou alguma ocupação. Me parece que está sempre por trás deste tipo de texto um sentimento de que a sua causa, no seu tempo valia mais que as de hoje. E mais, que as de hoje não valem nada. Ou que os que hoje se manifestam são revoltados sem causas. Me parece muito grave que estes tais militantes das antigas não lembrem que sofreram exatamente estas críticas e que tenham de tal forma aceitado o establishment que não percebem que hoje as causas mudaram. Certamente, certamente, é mais relevante lutar contra a ditadura do que pela legalização do aborto ou da maconha. Mas já lutaram pela democracia, não? E agora, não lutar por nada? Ou lutar democraticamente, fazendo 200 abaixo-assinados por dia e votando no cara bonzinho? Não dá, né. A democracia que estes caras lutaram para instaurar e que agora estes mesmos defendem não é suficiente. Não é mais, mas não sei se um dia foi.

Justamente o povo que ia pras ruas (segundo eles, ao menos) reclamam que hoje os manifestantes tiram o direito de ir e vir das pessoas e dos carros. Estes mesmos acham que ciclofaixa não é solução, que aborto não pode ser pauta por que quebra a base aliada do governo e que estudante é maconheiro. Fora todo o descaso para causas ambientais. Se tiver uma passeata contra a corrupção, poucos jovens vão, por que já desacreditaram no sistema em si. E quantos destes revolucionários anti-ditadura vão? E por que não vão? Desacreditaram no sistema que eles instauraram ou por que seus amigos que lutaram contra a ditadura também agora estão no congresso? (OK, generalizações são todas burras, mas ainda que não sirva para todo mundo, funciona como uma boa regra geral). Ou por que estão cansados e velhinhos e acham que a juventude de agora é que tem que lutar? Lutar, obviamente, pelas causas que a ex-juventude considera CAUSA! É curioso que sempre haja uma certa barreira entre gerações, mas uma barreira deste tamanho entre a ex-juventude revolucionária e a juventude atual que até nem se diz revolucionária? Me cansa demais.

Com o segundo tipo de texto, meu problema já é menos político e mais filosófico, por isto, menos importante. Tudo quanto é texto de blog, de ensainho adolescente ou pós-adolescente (esta fase esquisita de quem já saiu da graduação mas ainda não se sustenta) tem que começar a partir de um ponto sobre o qual o autor não conhece nada para daí o autor finalmente dar sua modesta opinião sobre como o mundo ou as relações humanas deveriam ser. Às vezes também aparece fazendo isto gente famosa, como o Luis Felipe Pondé, que entende de todos os assuntos do mundo, mas entende do jeito dele (que é sempre muito diferente do meu jeito... e para mim, meu jeito ainda tem sido um jeito muito bom de entender as coisas!). Tenho visto texto partindo de tudo quanto é lado: filosofia, budismo, música, cinema e chegando no mesmo ponto. "Olha eu não sei o que é marxismo direito.... mas... meu namorado deveria pensar na coletividade do eu e não me deixar esperando no ponto.""Não entendo muito sobre budismo, mas as pessoas deveriam se deixar levar mais". Ai... se não entende, não fala. Dizer que não entende do assunto e tocar nele mesmo assim não resolve nada! Não te desculpa por não saber. Para quem entende, o autor continua falando merda! Para quem não entende, e sempre é a maioria, o autor fica parecendo culto, sabendo linkar muitos assuntos de elevado teor cultural à vida cotidiana. Se é só para parecer esperto para maioria, melhor nem escrever nada, por que a maioria não lê. Melhor por uma foto cult no facebook, uma p&b. E beber café.

sábado, 19 de novembro de 2011

don't try


Ótimo. Olhando pro teto descascado e mofado, penso na próxima merda que vou fazer da vida. Largar o emprego. Voltar a usar drogas. bater na mãe. Tentar algo com este puto do meu lado. Ainda que tudo diga não.
Uma tentativa a mais pra quem já está fudida praticamente não dói.

Eu já estava no bar quando ele entrou. Um bar da moda, caro, cheio de gente. pior, gente bonita. A elite jovem paulistana. Um cara malhado com uma camiseta apertada destas de academia. Don't try, grafado na camiseta. Uns olhos verdes e uns maços de cigarro. Era tudo. e daí, o de sempre. aquele tédio das pessoas, o ruído do que é chamado de música, o que me levou praí? ah, é. a vida é uma merda mesmo. melhor afundar de vez. a merda só até no pescoço não mata ninguém. Aquela camiseta e a música ridícula. I'm too sexy for my shirt, Too sexy for my shirt, So sexy it hurts.
Doer, dói mesmo. tudo muito bizarro até a terceira dose de tequila. já era a quinta. e então, você sai pra fumar e o aviso está lá. don't try. don't smoke. e você acende um cigarro, acenderia qualquer cigarro que tivesse. e traga. e sente que não tem nenhum efeito agora. e volta pro bar da moda e pras pessoas da moda que correm no ibira e comem cupcakes e tiram fotografias por hobby e vão no cinema por arte e leem bons livros e veem bons filmes e bebem bons vinhos e pisoteiam bons cidadãos e cobram uma boa grana por qualquer merda que façam. então volta para e elite paulistana que fede a vômito e perfume caro, ainda que você não saiba a diferença dos cheiros. e a mijo também.

pedi mais uma tequila e sai do bar, o cheiro de mijo deixa tudo intolerável. Até a última tequila, o cigarro e o cupcake. tudo intolerável. e eu, e as pessoas intolerantes, e o segurança que não me deixa sair com meu copinho. copinho intolerável  pra tolerar os intolerantes. inclusive, eu e o segurança. fui saindo, saindo sem a tequila, fui caminhando para a são luis sem ver o intolerante da camisetinha too sexy na porta do bar. era um cinzeiro ambulante. intolerável. e eu cheirava a limão de caipirinha no dia seguinte. enfim. fomos indo até a igreja da consolação onde todos os alternativos que se prezem têm um apartamento. o meu fica do outro lado da rua, a praça alternativa anda muito cara agora que as pessoas que correm e cobram uma nota pela merda que fazem para comerem cupcakes de merda moram ali para tirar fotografias por hobby. intoleráveis fotografias de merda.

você sabe que se mete numa enrascada quando a própria te conta que é uma. don’t try. tá bom.  sempre desisto antes de tentar mesmo. você tem ainda mais certeza quando a enrascada fede. seria a perfume ou a mijo? voilà. eu estava bem satisfeita de passar pelo corredor de mármore, dar boa noite bêbada pra um porteiro preto e pobre, esperar um elevador cheirando a mofo e entrar num apartamento vazio, a não ser por umas garrafas, um sofá e toda aquela merda mac e i. incluía uns restos de mac-qualquer coisa fotografados artisticamente com um i-qualquer coisa. saí de um nojo coletivo pra entrar num individual. só por uns braços grandes e um aviso em neon me mandando ficar longe.

me servi um martini e fui tirando a roupa. não tão rápido, paixão. a elite paulistana ainda gosta de conversar. vamos lá. uma meia dúzia de livros, um ceticismo barato, uma auto-ajuda de escritório. arrogante. muito bem, palmas pro meu estômago que aguentou tudo. o mijo, o segurança, a camiseta. o que não de faz por uma trepada depois de meses de pornografia virtual?

quando eu já ia caindo, o escroto resolveu que já tinha me convencido que ele era mais que uns olhos claros e uns braços enormes e foi lambendo meu pé. sabe... não posso com isto. encontre a explicação freudiana que quiser, sem língua no meu pé. dei-lhe um chute até que bem carinhoso e o arrogante resolveu que era um paulistano de brio. veio como um boi pra cima de mim e sem tirar roupa nenhuma já estava dentro. eu não senti nada, não sei se de tão bêbada ou tão de saco cheio. mas deu pra ver as tentativas enfurecidamente bovinas do don't try. uns urros aqui, uns tapas na cara ali. era agressivo o moço e ganhei uma meia dúzia de hematomas e um mamilo mastigado. mesmo bêbada eu merecia gozar. fui por cima. cavalguei. bati na cara. chamei de lindo. te amo. gozei.

foi. (de novo)

o teto descascado e mofado, a próxima merda que vou fazer da vida. Largar o emprego. Voltar a usar drogas. bater na mãe. Tentar algo com o puto do meu lado. Ainda que ele diga não.
Uma tentativa a mais pra quem já está fudida praticamente não dói.