terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Eles não entendem. Eu não entendo.

Oi pessoal.

Vejo que perco leitores já que não ando assídua, mas voilà.
Muitas coisas e nada têm acontecido. E nesse meio tempo, eu penso. Óbvio. Estamos falando de mim.
Mas vamos lá... Então, muitas conjunções.

EU finalmente começo a pensar sobre o doutorado. Sobre o depois, quando voltar, etc. Tem muita gente voltando agora (tô tomando uma sopa que tem um certo gosto de ração de cachorro...) e hj eu comecei a definir com a minha patroa os meus dias de férias em função dos dias de férias das crianças.
Isso me fez ver que os meses passam rápido e que se eu for fazer tudo como o planejado inicialmente, eu não vou poder viajar muito. Vou quase voltar com dinheiro pro BR (que coisa inútil! ter dinheiro e não tem tempo para viajar!) e com uma cara emburrada.
Enfim... isso não é o tema aqui do post. Isso (eu não saber o que fazer do resto dos meus dias) me fez sair andando por aí pela cidade. E ela é linda, mas linda.... Linda. Linda é pouco.

E uma das coisas que eu estava pensando (e isso é uma digressão já) é que eu nunca liguei pra qualidade de vida. Essas coisas de ter uma vista bonita da janela, morar num quarteirão agradável... Eu sempre fui muito mais prática. Se a casa é grande, não é assaltável, não muito cara. Se a cidade tem um custo de vida que vale a pena, muitos lugares para sair. E agora eu ligo muito pra isso. Eu adoro sair do trabalho e caminhar uma parte do caminho, mesmo tendo metro. Eu gosto de não ter o que fazer para ficar na beira do rio. Não sei se isso é cultural, mas me parece que sim. Aqui todo mundo diz "eu gosto de morar no 4eme porque lá é bonito." "eu prefiro Marseille porque é mais agradável". É estranho, eu só reparei isso agora, que estou numa cidade linda cortada por 2 rios, com catedrais góticas, castelos, bosques, neve... Enfim...

Então, voltando para casa depois de andar por aí eu vi um desses carrinhos de sopa para pobres. Aqui tem sopa, mas eles também dão pão, frutas e polenguinho. Eu fiquei olhando e pensando que eu passei metade do meu caminho querendo ir fazer trabalho voluntário na África e isso é tão estúpido. Porque, afinal, as pessoas que precisam estão em toda a parte.

Porque a gente tem que chegar a ter 23 anos e fazer um zilhão de coisas para perceber um negócio tão estúpido e óbvio? Vc vai para Europa fazer mestrado e ver a maior quantidade de Klimt que vc conseguir e, de repente, percebe o óbvio.

Bom... daí ;) eu fui pegar o ônibus e tinha um menino super bonito no ponto cmg. Ele não estava suuuuper bem vestido, mas estava normal e não fedia. E ele estava comendo. E aqui todo mundo come no ponto de ônibus e eu acho isso genial. No BRasil, se vc está com fome, vc nao abre o pão pullman e come, vc espera chegar em casa. Aqui eles abrem e comem tão naturalmente que é lindo. Na Alemanha, então... tudo eles fazem na rua e é natural e ninguém olha. Ninguém olha nada, nunca. É verdade. Mas a indiferença tem suas vantagens. Lá eu podia me maquiar no ônibus sem que toda a população me olhasse.

VOltando no menino bonito comendo. Eu fiquei lá divagando sobre as diferenças culturais que nos fazem comer na rua ou não e vi que o ônibus ia demorar 1 hora pra vir e resolvi fazer um outro caminho. E no caminho eu vi muitas pessoas comendo a mesma coisa que o menino tava comendo (pão e polenguinho). Ninguém estava mal vestido, todos limpos e não fediam. E comiam normalmente. Então que eu percebi que o menino era uma pessoa que tinha ido no caminhão da sopa.

Sabe... daí tá todo mundo limpo e ganhando polenguinho. E depois de pegar a comida, eles pegam metro com todo mundo e sentam do seu lado e vc não tme nem idéia de quem pegou polenguinho no caminhão da sopa... Vc fica alí paradinha esperando o ônibus e nem imagina que o cara que vc está flertando do seu lado é o que no Brasil chamaríamos de mendigo. Gente que é mendigo no Brasil, é mendigo e nada mais. Eles não saem da fila da sopa e se misturam às pessoas normais. Eles não têm roupas boas e nem olham para cima.

De repente, eu percebi porque a pobreza pros europeus é mágica. Porque filmes como Gomorra e Cidade de Deus fazem esse sucesso. Eles não sabem que existe. Pobreza, gente suja, gente que não come.

Esses dias alguém me perguntou se eu gostava do nosso presidente e eu expliquei o que era o fome-zero. Ele ficou impressionado que ainda não existia ajudas governamentais para pessoas pobres. E mais ainda quando eu disse que essa ajuda mal dá para comer pão e camembert. E ainda mais quando eu disse que uma parte da população é contra a ajuda governamental.

Esses dias o menino que eu cuido me perguntou se no meu país tinha guerra e se as crianças aprendiam a atirar lá com armas de verdade. Como eu vou dizer que não tem guerra, mas que elas aprendem?

Eles não entendem. Eu não entendo.

Eu fico diariamente feliz quando tenho clicks e tenho total consciência que estou no maior período de formação da minha vida. Mas é tão difícil... às vezes, nem bebendo.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Salut!

Meu Zeus! Hoje percebi que não lembrava mais o endereço desse blog!
Antes de mais nada, feliz ano novo ;-) Sim, é clichê, mas todos precisamos dos clichês da vida.
Vou postar umas fotos da viagem da Alemanha e depois algum texto. Depois...
Vcs não têm medo quando alguém do meio acadêmico diz que fará algo em um próximo momento? A gente SABE que não vai vir ;-)





Fotos todas de Köln. Stefan (meu host) e Aureo (meu acompanhante hahahaha)