quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Il pleut...





Há dois dias sem parar!




Ontem, eu acordei cedíssimo para aula de sumério e não levei um guarda-chuva porque estava atrasada. Por sorte, eu tinha uma capa de chuva com torrezinhas-eifel (turístico, não?) na bolsa. Descobri da pior forma possível que as solas das minhas botas estão furadas e passei o dia inteiro com uma meia calça muito chique e rendada (que eu comprei em uma lojinha de 1,99 em Paris hehehe) molhada.




Ok... Sans souci! (E agora, finalmente descobrimos a troco de quê esse blog tem esse título.)




Enquanto eu andava pra Maison de l'Orient et de la Méditerranée, um monte daquelas folinhas amarelas e vermelhas ficavam presas na minha bota e todo aquele tapete de folinhas virou um rio bicolor. O pátio nunca tinha estado tão vazio e me pareceu que estava na hora do chão ser lavado por ali. Devia ter poeira de todo o mundo no jardim e talvez nós, estrangeiros, estivessemos precisando de um bom banho. Um bom banho francês. De perfume?











Sei que esses dias de chuva, embora estejam sendo lindos, estão sendo doloridos para muita gente. Mim inclusive. (Alguém aqui já ouviu falar do Mim, um bárbaro de 3 nível que....? hehehe Ok... piada interna.) Ontem eu fui até a recepção da Residência arrumar algumas coisas (que, por definicão, não estão prontas nunca) e vi uma oriental no telefone público agachada. Pensei "Ih, alguém já ligou para casa chorando hoje e antes de mim! Que bom!" Mas quando eu voltei pro quarto, uma hora depois, ela ainda estava lá e chorava e chorava... E eu fiquei pensando o que a minha mãe me diria se fosse eu quem estivesse ligando. E fiquei pensando finalmente se era uma mãe chinesa, tailandesa ou koreana que estava do outro lado. E o que ela diria.


Pela primeira vez, não fez diferença que a cozinha está suja por culpa das chinesas que moram comigo ou que a privada fica cheia de pepino quando algum koreano resolve que não quer comer pepinos. Ok, não sejamos cândidos a ponto de pensar que meus preconceitos se diluíram na água da chuva ou nas lágrimas da Mulan e que eu não vou mais ficar puta quando algum gansuniano que não tomou banho for a minha dupla na aula de francês. Eu vou ficar. Isso é o que eu sei fazer de melhor.


Mas minha mais nova habilidade é buscar outras sensações e limites (!), e pensar que eu não sou genial e sensível a ponto da chuva deprimir só a mim (e a Mim =p) é uma descoberta (quae sera tamen). Ou ainda, pensar que todos nós, por mais diferentes que sejamos, que comamos e cheiramos, estamos enfiados no mesmo bâtiment, e ao ouvir o mesmo barulho de chuva, ficamos todos na mesma angústia. Borocoxôs... para ser mais brasileiros nessa Babel de quatro andares.


Exceto, talvez, os mexicanos. Eles não param. Meu Zeus... Eles não param, não param de festar...


Vou beber uma garrafa inteira de bordeaux, porque hoje se a chuva não me deprimisse, o post o faria. ;-)






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