sábado, 2 de janeiro de 2010

Tchau, gato.

Deitada na minha cama e o gato vem.
Vem, observa, ronda, cheira e olha pela janela.
Ah vem aqui.
Ele não vem.
Essa janela aberta parece tão mais interessante do que esse colo conhecido.
Eu imploro e ele chega, só um pouquinho, hein - ronrona. Cheira meu nariz, reclama do cheiro do cigarro. Anda sobre mim, deita a cara entre meus seios. Ele fica tão bem ali.
Enquanto ganha carinho, o gato namora a janela. O desconhecido, a liberdade do estar longe.
Escuto fogos e entendo. Medo.
Seus olhinhos amarelos parecem tão frágeis, ainda que prontos para descobrir o mundo lá fora. Esse bolinha transparente dá uma vontade de cortar, furar, espetar. Parece só uma proteçãozinha do verdadeiro olho, o que fica embaixo, escondidinho, esperando para descobrir ou ser descoberto.
Eu sempre acho que ele vai se perder, mas o gato volta.
Ele sai com o rabo empinado, eu chamo a toa. Apoia as patas traseiras na minha barriga. Trampolim perfeito para uma vontade de ir embora, de enfiar a cara não sei onde.
Ele pula, eu pulo. Me despeço de longe e pego minha mochila.

Vontade de achar minha janela.

2 comentários:

  1. pois foi a descrição do meu natal...infelizmente. gostei dos textos. conheces o gil então? vi o link pro blog dele...

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  2. Eu e meu gato, ele na cama, eu no telhado!

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