segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Uma visita aos coleguinhas



Uma caixa de bis é a medida exata da minha ansiedade. Que feio, não é? Pois é. Que feio o stress, a loucura, a ansiedade, o descontrole. Que feio descontar no chocolate. Que feio, menina!
Falo da caixa de bis solitária, a única e última. A caixa-buraco-da-fechadura. A caixa-solução. Uma caixa de bis. Inteira. Todinha. Vasta. Rápida. Quick. Vai-que-vai. Abriu um e comeu o último. Só.

Embaixo da minha caixa de bis gigante, olho de canto o mundo. Não tem nenhuma tabacaria, nenhum poeta. Só olhos grandes assustados condenando o chocolate do alto de seus salários, de suas certezas e de suas loucuras-nó-na-garganta. Loucuras tumores. Chocolate é vida. É carapaça de quem não tem nenhuma.

No meio do lixo da embalagem, submersa em todo ele, eu lembro de who me disse que era feio, tão, feio comer chocolate triste, comer chocolate sozinha. De who me ensinou que o descontrole é nojento. É gordo, é inútil. Seboso. É uma bola roliça de gordura branca que se arrasta na frente de tanta gente certinha e limpa que nunca (nunca!) comeu chocolate no vazio. Não há vazio neles.

Seria muito bonito da minha parte querer que estes whos todos se libertassem. Primeiro do peso da certeza, da rigidez da linha reta. Depois dos olhos duros. O olhar sem julgamento libera quem olha e mais ninguém. Mas não. Eu queria mesmo é que who parrasse de condenar, não importa o lugar lindo que existe, who nunca encontrará. Importa que seus filhos possam comer chocolates. Que eu possa. Que ela grite na rua bem na frente do mercadinho do Largo do Arouche e isto seja só um grito. Por que é só um grito, um grito que não virou tumor.


Que as bocas sujas não causem nojo. Só curiosidade.


Um comentário:

  1. E os outros tumores, aqueles que são enfiados garganta abaixo, que se prendem com unhas mutantes bem no fundo do sangue, estômago, útero? Tumores forçados que não se purgam com voz.

    O que fazer com eles?

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