quarta-feira, 28 de abril de 2010

No Hospital

Pois hoje fui parar no hospital. Ando meio anêmica e para tomar o ferro (ahn ahn? ;)) que preciso só no postinho, na farmácia não porque a seringa dele é muito complexa. Então, fui direto pro hospital pro convênio pagar o fato de eu não querer ficar na fila do postinho. Fui e falei com um médico que parecia ser bem mais novo que eu. Ele não deve ser mais novo que eu (eu tenho 24 e se ele precisa de 8 para se formar, teria que começar com 16 a universidade de medicina e ele não parecia um super-dotado, ainda que japonês (ahn ahn? ;)), mas parecia mais novo. Falou comigo uns três minutos e disse que o convênio pagava a injeção do ferro, desde que não fosse na bunda (ok, parei com o trocadilho ;) o post não é divertido mesmo). Fiquei bem feliz de economizar 10 real e fui lá ficar com o braço estirado por 15 minutos enquanto todo o feijão e o fígado que não comi entravam no meu corpinho.
Então chegou uma menina com gripe (acho que a gripe de gente, não a de porco). Ela ficou com medo de agulha do soro, mas fez a inalação numa boa. Exatamente o contrário do que eu teria feito.
Depois chegou uma outra menina, carregada nos braços do avô. E depois a mãe dela. Ela ficou deitada na cama com um pijama de cor bege bem feio, uma toquinha e meias rosas. Então veio o médico que foi querido comigo por três minutos e parecia bem mais novo que eu falar com a família. E a família era BEM simples e não conseguia explicar exatamente o que o médico queria saber. Ele, que nunca tinha visto a menina na vida, perguntou o que ela tinha e o vô respondeu "acho que pneumonia". Enfim... depois de metade dos meus minutos pendurada no soro ferroso, eu e o médico entendemos que a menina tinha nascido com um deficiência mental, tinha tido um avc (ou algo que o valha) e então parou de falar e andar. Há 2 meses, tinha sido feita uma intervenção cirúrgica para que ela recebesse toda a comida por uma sonda direto na barriga. O vô não queria, mas ela se engasgava muito com a comida. Então, nos últimos dois dias, ela andava expelindo uma gosma branca pela boca e eles não sabiam o que era.
O médico perguntou, perguntou, a família se desesperou, depois desistiu. Então o médico conclui que o vô não limpava a boca da menina direito e que por isso ela salivava muito e branco. Foi pegar uma mangueira para limpar. Então o vô e a mãe concluíram que o médico mais novo que eu era muito burro e que ela estava era cuspindo catarro de uma gripe/pneumonia. Ela tossia bem de levinho.

Eu, que nunca vou no hospital, fiquei muito impressionada. Tinha dó do médico que estava, aparentemente, com a primeira paciente daquele jeito nas mãos. Ele era mais novo que eu e eu nem morfema resolvo, que dirá doença. Tinha dó da família que tinha certeza que aquele médico não ia ajudar em nada e que ainda era taxada de porca. Tinha dó da gripada, do vô, da mãe. Acho que não tive dó da menina deitada que depois de uns minutos começou a ter dificuldades para respirar e segurar a tal da gosma branca na boca.
Quando meu ferrinho acabou, pobrezinho, a enfermeira tirou a agulha do meu braço e piscou "Ainda bem que o dr. está fazendo a drenagem na boca. Eu tenho ânsia de fazer isso".
Fiquei sinceramente com vontade de abraçar o dr.zinho e a vô, mas o que uma anêmica de cabelo vermelho e roupa preta vai representar para um Médico e alguém que cuida há 18 anos de alguém na cama? Nem força decente para abraçar eu não devo ter.

Para eu mesma não me sentir muito mal indo pra casa, agradeci o japa mais novo que eu e lhe dei um tchauzinho e me ative a por a mão no ombro do vô e desejar boa sorte. Me senti uma ridícula, mas foi um jeito de quase dizer que a menina da cama não me dava ânsia.

ps: agradeço se os comentários não forem do tipo "nessa hora que damos valor ao que temos", tentei (mas não consegui) fazer algo não-apelativo, então colaborem ;)

2 comentários:

  1. 1º) Sempre quero comentar seus posts mas seu blog, de alguma forma, me barra.

    2º) Espero que você passe a comer feijão para não ter que ir parar no hospital e ver gente com efeito meio O Exorcista.

    3º) Não, NÃO é nessas horas que valorizamos o que tenho.

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  2. Coisas que eu tbm aprendi no hospital: 1) Não ter nojo das pessoas deveria ser um pré-requisito pra ser profissional de saúde. Não é.
    2) Médicos novos não têm a menor chance contra famílias, principalmente se o tempo que elas cuidam do paciente for grande ou se elas forem muito humildes.
    3) Ver os problemas dos outros sempre mexe com a gente.

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