domingo, 26 de maio de 2019

Pausa

Finalmente, paro.
Paro no meio da estrada e sento.
Era isso mesmo?
Vim seguindo o melhor caminho que pude arranjar.
Vim seguindo só.
Vigiada por pensamentos idealistas e árvores cujas copas escondem o sol.
Paro à sombra e me pergunto.
Era isso mesmo?
Eu já nem respondo.
Eu tenho uma intrínseca capacidade de me ignorar quando começo com diálogos inócuos.
É mais claro que a Lua que não era isso.
Se tem algo que era, é que não era isso.
Tive mais vitórias que derrotas.
Tive derrotas que me contaram o que é crescer, o que é viver.
Afinal, não se vive só de vitórias.
Mas que não era isso, não era.
Era uma outra coisa.
Mais derrotada, eu acho.
Mas mais lenta, mais tranquila.
A derrota no matagal é tão mais simples que a vitória na metrópole.
Acho que é isso.
A falta da simplicidade
do ócio, do tédio
das meninas que sorriem só por que são meninas
das buzinas de sorveteiro que soam só por que são buzinas
E das folhas que balançam
E dos rabos de vaca de balançam
E das cadeiras que balançam
E das mãos que balançam.
É saudade só.
Alguém pode dizer.
Mas ninguém diz.
Nem eu.
Nem eu.
Então eu fecho os olhos e sinto um raio de sol insistente e curioso no peito.
Eu respiro.
Eu respeito.
É isso.
É só isso.
Amanhã é segunda feira.

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