terça-feira, 24 de maio de 2016

Sobre buracos e caldas

Finalmente eu pego o pudim com as duas mãos.
Pego o pudim numa bandeja.
Tem o mesmo peso de uma cabeça.
bege branco creme mel
doce frio macio pudim
Só um pudim tem as verdadeiras características de um pudim.
Finalmente eu pego o pudim.
Eu enfio o pudim na tua cara.
Ele se desfaz em blocos molinhos e pragas.
Pragas moles também.
Só o seu nariz não tem pudim.
Ele se safou por que seu pudim tem um buraco.
Um buraco que não é de dedo, nem de minhoca, nem cu.
É só um buraco de pudim.
Eu pego o pudim com as duas mãos e jogo na sua cara.
Pego o pudim da bandeja e jogo na parede.
Maisum Maisum Maisum
A parede escorre.
A parede fofa e molinha e doce e gelada com calda de açúcar.
De Açúcar!
Eu piso no pudim, mas eu estou de botas (sorte!).
Uma escada gigantesca de degraus de pudim.
Eu vou pulando um a um.
pudim pudim pudim pudim.
Os degraus molinhos se esfarelam e deixam de existir
pudim pudim pudim pudim
A escada cresce e os pudins vão ficando maiores e mais fofinhos
pudim pudim pudim pudim
Eu também vou crescendo correndo na escada açucarada
pudim pudim pudim pudim
Minhas pernas de borracha se estiiiiiicam para alcançar o degrau
pudim pudim pudim pudim
Eu corro na espiral infinita de pudins, moles, gelados e doces
pudim pudim pudim pudim
Eu suo calda de 
Pudim!
Eu subo pudim!
Eu caio pudim!
O gigante é pudim.
O pudim gigante é mudo. Ele não fala nada.
Eu escalei de botas o pudim gigante.
Eu enfiei minhas mãos nas paredes frias e açucaradas do pudim.
Eu tenho pudim nos cabelos, no nariz, no meio dos peitos.
Meu pijama branco pinga a pudim.
O cheiro de tudo agora é pudim.
O horizonte é uma grande linha caramelo sem fim.
O chão é aerado e o ar é gás hélio.
Se tivesse pessoas aqui, elas falariam fino e dariam risadas.
Mas só há o universo.
E ele é doce.
Uma constelação de bandejas brilha.
Pudim Podendo.
O pudim superior e infinito.
Então eu pulo.
Eu pulo no buraco negro do pudim.
No centro e infinito, onde não há nada.
Nem paredes moles, nem pijamas brancos, nem calda de caramelo.
Aqui não há cabelos melados, nem mãos sujas.
Eu pulo e caio no escuro.
Aqui não tem cheiro, não tem textura e não tem ar.
Na verdade, eu não grito por que o som não se propaga.
Eu caio no vazio e no silêncio do buraco negro do pudim e apareço bem na pontinha do seu nariz.

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