quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Eu e o José

vou passear no seu dia
vou dar três batidas na perna,
o gato sobe.

não tenho mais pernas, nem bondes.
mas braço
ainda tenho
e ainda nado.

eu tava cansada de tanto que je suis là.
tem tanta coisa que a gente não tem coragem de dizer, né?
mas diz.
mesmo que seja très bizarre, a gente diz.

Depois de anos de burocracia da tristeza,
cá estou eu, já lendo um livro.
Livros incríveis são pas mal ex paradis, uhn?

Tranquei os amigos numa caixa amarela
e afundei todo mundo na água.
Ninguém entendeu nada.
- É que entrou sal no olho.

Eu acredito em tudo
com neve.
La niege. Je suis-là.
E aqui me derreto e me dissolvo.
- Tá vendo o barro ali?
- Este com cor de bosta?

É, este.
A escolha implacável.
O barro com cor de bosta.
É esta nossa origem.
A escolha.
Escolhemos o barro cor de bosta.
e não há nada pelo futuro que possamos fazer.
Cor-cheiro-textura de bosta
é a origem.

E se o personagem principal fosse outro?
A textura seria outra?
A merda seria mais quentinha?
- Desculpe, é a batida que me comove. É igual a de um coração.
- Vamos mudar de ambiente?

E eu amava. E bloquearam meu ódio.
às forças. totalmente às forças.
Eu amava tranquila. Com meu ódio regando o amor.
E bloquearam-me tudo.
É muita maldade, mesmo com os malvados.
Estes terríveis. Estes cruéis.
Como eu.
- Vai regar esta porra toda com quê, hein?

Eu apago tempo, mas não apago espaço.
Era aqui, era ali, era acolá.
Era é só tempo.
Mas acolá é bem longe. (Longe meeeesmo!)
E tem um sorriso esboçado que eu não apago também.

Por que tudo de você neste momento
era acolá.
E tem muito barro em volta.
- Vamos mudar de ambiente?
- E... Ah, deixa o ódio ontem, viu.
No tempo. Só no tempo.

E o barro?
Lavôtánovo.
Mas não é assim que caminha a humanidade.
E ambos sabemos disto.

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